Marcos Pereira – Brasil rumo à indústria do futuro

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Portugal e Brasil têm uma relação umbilical. São tantas que não há como mensurar as contribuições portuguesas na formação política, económica, cultural e científica do povo brasileiro. Passados 517 anos da descoberta de Pedro Alvares Cabral, cá estou eu para beber água da fonte. Vim ao hemisfério norte buscar as melhores práticas aplicadas no desenvolvimento da indústria do futuro, a Indústria 4.0.

O Brasil vive um momento de retomada do crescimento económico. É preciso que o país esteja preparado para a nova fronteira do conhecimento industrial, que associa tecnologia e inovação ao processo produtivo. E aqui falo não somente da recuperação da utilização da nossa capacidade instalada e retomada dos volumes produzidos, mas, principalmente, da elevação dos níveis de produtividade e qualidade industrial.

A minha viagem começou com a agenda do presidente Michel Temer na Rússia e na Noruega. Segui para Israel, que tem um dos melhores ecossistemas de fomento a tecnologias de ponta no mundo. E agora, em Portugal, tenho compromissos para tratar desse tema com o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, e com representantes da Agência Nacional da Inovação (ANI). Daqui, sigo para a Espanha, onde vou participar de discussões sobre o tão importante acordo entre o Mercosul e a União Europeia.

A indústria brasileira enfrenta enormes barreiras em busca da sua recuperação. A recessão económica, da qual saímos recentemente, e diversos outros fatores vividos pelo Brasil e pelo mundo nos últimos anos são alguns deles, mas o mais desafiante de todos depende de resposta a uma única pergunta: que Brasil queremos para os próximos 30 anos?

Teremos um país competitivo, aberto, tecnológico, industrializado, disposto a crescer e a se integrar às cadeias globais de valor ou deixaremos a oportunidade passar? Minha resposta é: precisamos de tudo isso e algo além.

Em pouco mais de um ano à frente do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, percebo certa apreensão do setor produtivo a respeito dessa questão sobre qual caminho iremos tomar.

A indústria brasileira – que já contribuiu com mais de 20% do PIB nacional e hoje se esforça para chegar a dois dígitos – precisa se reinventar. Há em curso no mundo a “nova revolução industrial” a partir da fusão de diversas novas tecnologias, tais como robótica avançada, impressões em 3D, big data, inteligência artificial e novos processos. O Brasil segue à margem.

O governo da Alemanha lançou o Plattform Industrie 4.0 e de semelhante modo a China anunciou o Made in China 2025, um plano para fortalecer o parque industrial chinês. Os EUA também construíram um rol de iniciativas nesse sentido rotulado de Advanced Manufacturing. E Portugal recentemente lançou a sua estratégia para a Indústria 4.0, um conjunto de medidas que terão impacto sobre mais de 50 mil empresas e que permitirão requalificar mais de 20 mil trabalhadores.

Foi com base nestas experiências que criei um grupo de trabalho, que contará com a participação de membros do governo, da sociedade civil, de entidades empresariais e academia, a fim de apresentar de maneira pragmática, ainda neste ano, ações de curto e médio prazos para a Indústria 4.0 no Brasil.

Como ministro do setor produtivo, me propus a pensar hoje o Brasil do amanhã para trabalhadores, empresários e aqueles que, de forma heroica, mantêm o país funcionando. Estamos diante de uma oportunidade única para o Brasil avançar e ocupar seu espaço no seleto grupo de nações que exportam tecnologia e inteligência.

Ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços do Brasil